Clássicos de Literatura Gay

Lígia casa-se por interesse com um rico comerciante. Respeita-o, mas não o ama. Quando fica viúva, regressa a Portugal e perde-se de amores por Leonel, que conhecera de criança, mas que agora se tornara num elegante cavalheiro que fazia suspirar as donzelas da capital. Leonel, no entanto, estava apaixonado por Liberato, um homem rude, de farto bigode, que o gostava de ver vestido de dama fina.

Amaro, um imponente e lúbrico marinheiro negro, escravo fugido de uma fazenda do interior do Rio de Janeiro, apaixona-se por Aleixo, um jovem e ingénuo grumete branco, que conhece no seu navio de guerra. Mas o destino separa-os e, quando Amaro finalmente reencontra Aleixo, as suas piores suspeitas confirmam-se.

Maria Peregrina, uma minhota, herdeira rica, parte para estudar em Londres, onde descobre o que é amar e ser amada. Às limitações que lhe são impostas pela sociedade e pela moral, contrapõe a protagonista a sua filosofia de independência e determinação. Agora em 2.ª edição com Introdução por Anna M. Klobucka.

Inácio não tinha razões para se queixar da existência. Não haveria lábios para morder, nem afetos ou amores. Mas uma noite, casualmente, conhece uma dançarina meio nua. Também Étienne, jovem ator, se deixa fascinar pela mesma bailarina. E é este sentimento comum, que os deveria afastar como rivais, que estranhamente os une, porque Étienne, “pelo menos, fora sensível ao que ele próprio sentira…”

Em três noites, as freiras de um convento português divertem-se ao serão a contar onze narrativas eróticas, cuja finalidade é mais que criar uma “perfeita intimidade” entre elas: no final do primeiro serão, na cela de Soror Teresa de Jesus, as freiras saem aos beijos em casais ou trios, dirigindo-se às suas celas.

A presente antologia tem por objetivo dar a conhecer uma representação literária da homossexualidade masculina e feminina entre 1860 e 1910. O discurso literário, incluindo a sátira, mas não só, também participou na “invenção do homossexual” em terras lusas, acompanhando o discurso médico coevo e a construção da legislação condenando os atos “contra natura”.

Amélia, uma bela adolescente, adotada, ainda bebé, por uma jovem condessa, viúva e rica, descobre casualmente que aquela a quem chama “mãe” recebe regularmente e a sós, em sua casa, um elegante cavalheiro lisboeta. Um dia, ouvindo certos ruídos provenientes dos aposentos da condessa, decide espreitar pelo buraco da fechadura, e o que descobre deixa-a simultaneamente assustada e curiosa.

"Os Mistérios do Asfondelo" foi amplamente lido à época, mas logo votado a uma rasura crítica. A janela que se abrira para a literatura licenciosa, com a abolição da Inquisição, em 1821, fechar-se-ia durante a longa noite do Estado Novo. É por isso que é urgente rever a história da literatura erótica portuguesa para tirar do olvido obras e autores que, como Chatenay foram "queer avant la lettre".

No convento de São Bento, no Rio de Janeiro, frei Saturnino senta-se a escrever as suas memórias, depois de uma vida de incontinência e libertinagem, mas também de grande paixão, que acabará por ser a sua desgraça e o levará a regressar humildemente às suas origens. Publicado em 1842, "Saturnino" foi um enorme sucesso comercial no campo da “literatura para homens”.

Nesta coletânea, Fernando Curopos reúne o opúsculo "O Bispo de Beja",de Homem-Pessoa, a dois outros textos satíricos da época sobre o bispo de Beja e a "Uma Ceia Alegre" (1908), uma paródia à "Ceia dos Cardeais" (1902) de Júlio Dantas, para nos dar um panorama do manancial de literatura anticlerical e homofóbica clandestina que circulava em Portugal e no Brasil no início do século XX.

Em 1875, António José da Silva Pinto, o reputado escritor, publicava uma coletânea de contos intitulada "Contos Fantásticos", na qual incluiu um conto brevíssimo com o título discreto de “O Berloque Vermelho”. Segundo António Fernando Cascais, Silva Pinto, com este conto, torna-se o primeiro autor português a descrever,ma relação erótica e amorosa entre dois homens narrada na primeira pessoa.

César Braga-Pinto e Helder Thiago Maia reuniram nos dois volumes desta antologia quase cem anos de textos ilustrativos das dissidências de género e sexualidade da literatura brasileira. O primeiro volume, “Desejos”, debruça-se sobre o desejo homoerótico, incluindo o desejo dito “homossocial”, que se alarga num amplo contínuo do qual a misoginia, a homofobia e o “pânico homossexual” não se excluem.

César Braga Pinto e Helder Thiago Maia reuniram nos dois volumes desta antologia quase cem anos de textos ilustrativos das dissidências de género e sexualidade da literatura brasileira. O segundo volume, “Performances”, reúne as representações não-normativas de género.

Joaninha é uma freira por todas considerada muito bela, mas de uma beleza máscula, irresistível para as suas companheiras. Tomando consciência de que não é mulher, escapa-se do convento, veste roupas de homem e alista-se no exército. O seu heroísmo será recompensado no dia em que casa com a sua apaixonada. Publicado em 1877, é o primeiro romance português que se debruça sobre identidade de género.

A linda e inteligente Horácia, fruto de uma aventura amorosa de um fidalgo com uma camponesa, é educada como uma princesa pela mãe. Quando a mãe lhe morre, Horácia não tem outro remédio senão rumar a Lisboa, a convite da amiga Ana dos Reis Torgo. O que Horácia não desconfia é que as intenções de Ana, uma lésbica e dona de bordel, estão longe de ser honestas, e que a sua vida será tudo menos feliz.